A seguir está o resumo da ata da 272ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em 29 e 30 de julho de 2025, com base no documento disponibilizado pelo Banco Central do Brasil.
A conjuntura econômica atual é marcada por um ambiente externo mais adverso e incerto, devido principalmente à política econômica dos Estados Unidos, que tem afetado a volatilidade de ativos e as condições financeiras globais. No cenário doméstico, os indicadores de atividade econômica mostram uma moderação no crescimento, embora o mercado de trabalho continue dinâmico. A inflação e suas medidas subjacentes permanecem acima da meta, e as expectativas de inflação para 2025 e 2026, conforme a pesquisa Focus, estão acima dos valores desejados, em 5,1% e 4,4%, respectivamente.
O cenário prospectivo para a inflação é considerado desafiador, com o ambiente externo mais incerto devido às políticas comercial e fiscal dos EUA. O Copom avaliou que as tarifas comerciais impostas ao Brasil têm impactos setoriais relevantes e que a incerteza exige uma postura de cautela. A política fiscal, por sua vez, tem impacto na demanda agregada no curto prazo e na sustentabilidade da dívida no longo prazo, com o risco de elevar a taxa de juros neutra da economia caso haja esmorecimento no esforço de reformas e disciplina. O Comitê reforçou a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas.
O balanço de riscos para o cenário de inflação apresenta riscos elevados, tanto de alta quanto de baixa. Os riscos de alta incluem a desancoragem prolongada das expectativas de inflação, a resiliência na inflação de serviços devido a um hiato do produto mais positivo e uma política econômica externa e interna que cause uma depreciação cambial maior que a esperada. Já os riscos de baixa incluem uma desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada, uma desaceleração global mais pronunciada e uma redução nos preços das commodities. O Comitê enfatizou que os vetores inflacionários ainda são adversos, exigindo uma política monetária significativamente contracionista por um período prolongado.
Na discussão sobre a política monetária, o Comitê avaliou a necessidade de manter a interrupção do ciclo de alta dos juros para observar os efeitos do ajuste já realizado. Foi ressaltado que, com as expectativas desancoradas, a taxa de juros apropriada deve permanecer em um patamar significativamente contracionista por um período prolongado. O Copom enfatizou que seguirá vigilante e que poderá ajustar os passos futuros da política monetária, não hesitando em prosseguir com o ciclo de ajuste caso seja necessário.
A decisão de política monetária foi de manter a taxa básica de juros em 15,00% ao ano. O Copom entende que esta decisão é consistente com a estratégia de fazer a inflação convergir para a meta ao longo do horizonte relevante. Diante da incerteza elevada, o Comitê antecipa uma continuação da interrupção do ciclo de alta para avaliar se o nível atual da taxa de juros, mantido por um período prolongado, é suficiente para garantir a convergência da inflação à meta.
Tabela de Projeções de Inflação
O documento apresenta a seguinte tabela com as projeções de inflação no cenário de referência:
Índice de preços | 2025 (%) | 2026 (%) | 1° tri 2027 (%) |
IPCA | 4,9 | 3,6 | 3,4 |
IPCA livres | 5,1 | 3,5 | 3,3 |
IPCA administrados | 4,4 | 4,0 | 3,9 |
Fonte: Ata da 272ª Reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)